Raquel Negrão; Rodrigo Amaro. 2016. Bradea brasiliensis (RUBIACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A espécie é encontrada entre 300 e 1.200 m altitude, em inselbergues da região noroeste do Rio de Janeiro até a região norte do Espírito Santo e noroeste de Minas Gerais (Oliveira et al. 2016, no prelo).
É considerada a espécie com maior distribuição no gênero, e em recente revisão taxonômica ganhou o novo sinônimo Bradea kuhlmanni Brade (Oliveira et al. 2016; no prelo). Apresenta distribuição restrita (AOO=128 km²), com especifidade de habitat em fendas entre rochas e locais com acúmulo de matéria orgânica nos inselbergues (Oliveira et al. 2016, no prelo). Além disso, a população é severamente fragmentada sendo caracterizada por subpopulações isoladas e pequenas, com no máximo 70 indivíduos. Foram observadas ameaças como atividades de turismo de aventura e religioso, que causam pisoteio e destruição da vegetação, acúmulo de lixo e focos de incêndio e facilitação da entrada de gramíneas invasoras; agricultura nos inselbergs e no seu entorno, com plantios de café e eucalipto em diversas localidades no estado do Espírito Santo e em áreas de ocorrência da espécie; mineração para extração de granito, realizada a partir da implosão dos inselbergs no estado do Espirito Santo (Oliveira e Sobrado 2016); incêndios registrados na localidade Pedra do Cruzeiro, município de Marilândia; e a expansão urbana relacionada a construção de estradas e de estrutura para instalação de torres de celular, antenas de tv e outras tecnologias (Oliveira e Sobrado 2016). Estima-se declínio contínuo de EOO, AOO, qualidade de habitat e de subpopulações, considerando as ameaças incidentes e que há uma grande carência de Unidades de Conservação para a proteção dos inselbergues nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais (Oliveira e Sobrado, 2016), sendo que apenas quatro de suas subpopulações ocorrem em áreas protegidas. Recomenda-se a criação de UCs para a preservação in situ da espécie, levando-se em conta que por condições ecológicas e climatológicas, as plantas endêmicas de inselbergues muitas vezes não sobrevivem em coleções ex situ (Oliveira com. pess.).
O epíteto “brasiliensis” remete ao país de origem da coleta. É reconhecida pelo hábito arbustivo, folhas pecioladas, estreito-elípticas a elípticas, sinflorescência bracteosa, com ramificação dicasial e frutos obcordados (Oliveira et al. 2016; no prelo).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 6.1 Recreational activities | habitat,occurrence,mature individuals | past,present,future | local | high |
A maioria das populações registradas está em locais usados como ponto de lazer e turismo desordenado (mirantes, rampa de voo livre, trilha para motoqueiros) e como local para realização de cerimônias religiosas, fatores que levam à perda da qualidade do habitat pelo pisoteio e destruição da vegetação, acúmulo de lixo e focos de incêndio, além de facilitar a entrada de gramíneas invasoras (Oliveira et al. 2016, no prelo). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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7.1.1 Increase in fire frequency/intensity | |||||
A ocorrência de fogo pôde ser observada na subpopulação da Pedra do Cruzeiro, Marilândia (Oliveira 336, com. pess.) | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.2 Small-holder farming | mature individuals,habitat,occupancy | past,present,future | regional | high |
A matriz de entorno dos inselbergues possui um longo histórico de uso da terra para a agricultura (Oliveira e Sobrado, 2016). Porém, há uma tendência atual de uso dos inselbergues para a agricultura (Oliveira e Sobrado, 2016). Existem áreas de plantio de café e eucalipto nos afloramentos em diversas localidades no estado do Espírito Santo e em áreas de ocorrência registrada da espécie (material Saraiva 25; Oliveira com. pess.). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 3.2 Mining & quarrying | occupancy,occurrence | past,present,future | local | very high |
A implosão dos inselbergues para extração de granito é algo recorrente no estado do Espírito Santo. Algumas subpopulações ocorrem em áreas próximas ou em inselbergues com pedreira de extração de granito já consolidada (ex.: Saraiva 25) (Oliveira e Sobrado 2016; Oliveira et al. 2016, no prelo). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 1.1 Housing & urban areas | occupancy,occurrence | past,future | local | high |
É comum a utilização dos inselbergues para a instalação de torres de celulares, antenas de tv e outras tecnologias. Para isto, é criada uma estrada até o topo do afloramento e a construção da estrutura no local, o que ocorre com a supressão da vegetação (Oliveira & Sobrado 2016). Isto pode ser observado na localidade da subpopulação Oliveira 2018, por exemplo (Oliveira com. pess.). A construção de novas torres e antenas na área de ocupação de Bradea brasiliensis se configura como uma ameaça à espécie. | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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2.1 Site/area management | needed |
Medidas para conter a degradação ambiental observada sobre os afloramentos são de grande importância à sobrevivência da espécie. | |
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | needed |
Há uma grande carência de unidades de conservação para a proteção dos inselbergues nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais (Oliveira e Sobrado, 2016). Plantas endêmicas de inselbergues muitas vezes não sobrevivem em coleções ex situ pelo fato de as condições climatológicas e ecológicas deste habitat serem de difícil reprodução em coleções ex situ (Oliveira com. pess.). Assim, a criação de UCs para preservação in situ é de extrema importância para a sobrevivência da espécie. | |
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
Apesar de ser a espécie de maior distribuição no gênero, possui apenas quatro subpopulações protegidas em Unidades de Conservação, das quais uma de uso sustentável (APA Goiapaba-Açu, no município de Fundão) e três de proteção integral (Monumento Natural dos Pontões Capixabas, em Pancas; Reserva Biológica Augusto Ruschi e Estação Biológica de Santa Lúcia, ambas em Santa Teresa) (Oliveira et al. 2016, no prelo). | |
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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